sexta-feira, 1 de maio de 2015

Sobre o pronunciamento do Ministro Renato Janine, depois da violência contra professores, promovida pelo governo do Paraná.

Ministro da educação faz pronunciamento político sobre a violência dirigida aos professores no Paraná. Suas palavras,  esboçaram uma preocupação importante: "educação não é violência", nós que estamos engajados em construir uma escola sem violência, achamos muito pertinente sua fala. No entanto,essa discussão precisa também ampliar o debate sobre a impunidade, é muito comum o uso da força bruta em protestos, legítimos de professores. 
Não é de agora, é  muito comum estados e municípios usarem a violência policial, na ausência de diálogo para com os servidores públicos da educação. No paraná, as cenas de horror, ganharam as redes, mostrando o aumento desta violência. 
Portanto, como professora e pesquisadora da violência nas escolas, gostaria de ver uma ação mais objetiva do MEC, é preciso a intervenção participativa de representantes  nessas negociações, além disso, solicitar ao legislativo que garantam na lei 9394/96 o direito a  autonomia dos professores, inclusive para protestar contra projetos que vão impactar em sua vida profissional. 
 As cenas que o país assistiu na última quarta, no Paraná, não pode se naturalizar. Não podemos,   apenas nos  comover  e a impunidade perpetuar. 
Se ao MEC interessa, a vida dos professores, a qualidade do seu trabalho, interessa também, propor ações que combatam a violência promovida  pelos governadores ou prefeitos, em períodos de greve de professores e/ou protestos,  fato comum de  representantes de oposição,  ou não,  ao governo da Presidenta Dilma.

Veja pronunciamento do Ministro da Educação sobre a violência dirigida pelo Estado do Paraná.

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quinta-feira, 19 de março de 2015

Sobre a intimidade na internet: o que cabe à escola?

Publicado no Informativo Nosso Campus, edição FEV/MAR 2015, ano 3, nº 17.

 As transformações tecnológicas que estruturam a nossa sociedade têm desencadeado significativas alterações na produção da cultura e nos modos de percepção. Com isso, surgem outras referências para a constituição dos processos de subjetivação do homem contemporâneo. Agora, estruturados pelas tecnologias, os sujeitos reelaboram suas formas de se relacionar com o tempo e espaço, criam novas maneiras de socialização em rede. A interação mediada pelo computador tem contribuído para transformar o modo como esses indivíduos constituem a si mesmo. Softwares sociais, tais como, Facebook, Google +, Foursquare,Twitter, Tumblr, são espaços de digitalização da vida cotidiana, meios que promovem formatos de exposição da vida íntima e privada.

Em 2008, a Professora Paula Sibilia, da Universidade Federal Fluminense, publicou uma obra intitulada O Show do Eu: a intimidade como espetáculo, no livro, a autora explica de que forma nossa sociedade legitimou uma cultura de exposição de si e observação de outro. Partindo de um estudo sobre a cultura, Paula Sibilia, discute as características das sociedades burguesas do século XIX e XX, marcada pela solidão do seu lar e de seu quarto privado, passando para o século XXI, não mais assinalada pela privacidade das subjetividades na modernidade, voltadas para dentro de “si”, mas para “fora”, acompanhadas pelos olhares alheios, em um mundo marcado pelos estímulos visuais da televisão e internet.
Assim, novas gerações ou não, se mostram cada dia mais em rede internet, sentem necessidade de tornar pública sua intimidade, de mostrar ao mundo como estão vivendo o tempo todo e demonstram como é incompreensível a fronteira da privacidade.
A educação precisa compreender os fenômenos da cultura, de que maneira os processos de socialização são influenciados. Estudos nos indicam que as interações mediadas por computadores atuam nos modos de pensar e agir de todos nós. A este respeito, é bastante oportuno professores entenderem que as tecnologias, os softwares sociais na contemporaneidade tem tornado o ensino mais complexo, com isso, criam desafios didáticos ao trabalho docente.
Em meio a complexidade contemporânea, alguns professores ainda acreditam que seu papel é ensinar os conteúdos dos saberes específicos de sua disciplina, sem articular os saberes da experiência dos alunos, apoiada em uma didática instrumental, aquela que não conecta a cultura e o cotidiano escolar em sua atitude de investigação.
Sendo a Didática um campo que investiga os fundamentos, as condições e os modos de realizar a educação por meio do ensino, nesse contexto de exposição cotidiana, exacerbada de intimidades na internet, professores de diferentes áreas do conhecimento, tem função de tornar essas narrativas de “si” em conteúdos formativos em suas práxis cotidiana.
Sobre os temas discutidos vale a leitura de Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012, da Paula Sibilia, disponível na Biblioteca Prof. Raul Varella Seixas - Campus Salvador, e o livro organizado por mim, A Vida no Orkut: narrativas e aprendizagens nas redes sociais, Salvador: EDUFBA, 2012. Disponível online em: [https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/4999/1/a%20vida%20no%20orkut_RI.pdf]

Boas reflexões!
Profa. Dra. Telma Brito Rocha
Docente de Didática das Licenciaturas Campus Salvador




segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre as faixas das Manifestações do dia 15 de novembro, os discursos de ódio e intolerância.

De todas as imagens que vi circularem nas redes sociais,  talvez a imagem abaixo  tenha me chamado mais atenção. 
Sou professora de didática, atuo na formação de futuros educadores. 
Paulo Freire foi um dos intelectuais da educação que mais tratou da docência em suas obras. Está entre os principais pensadores que elaboraram saberes necessários à atuação do professor. 
Teve sempre a coerência em não separar teoria e prática.  
Suas obras Pedagogia da Autonomia, Pedagogia do Oprimido, Professora Sim, Tia Não, Medo e ousadia, nos trazem importantes reflexões sobre a função social da escola, o papel da educação numa sociedade marcada pelas desigualdades sociais. 
Nos ensinou na Pedagogia, a importância da politicidade da educação, da negação do autoritarismo, da democracia, do diálogo e a educação libertadora. 
Suas obras revelam o pensador preocupado com o futuro da nossa sociedade, da violência, da intolerância. 
Vendo essa imagem, assim como outras que pediram a volta dos militares, os discursos de ódio proferidos  aos berros; só tenho a dizer que cada dia compreendo que a tarefa de educar se torna mais complexa em nossa sociedade. 
Nos cabe a interpretação  de que a educação privada, certamente maior parte dos participantes, classe média, de onde são oriundos, não lhes formam suficientemente para compreender a sociedade democrática. 
A escola deve formar para o trabalho e para a cidadania, já dizia Anisio Teixeira. 
Pelo visto, essas escolas, passam por uma crise em seus currículos e práticas. 
Me parece que o problema da sociedade não é só dos que "não sabem" porque foram mal escolarizados. 
Continuemos na luta pela escola pública, democrática, de pluralismo de idéias. Na esperança Freiriana, uma hora chegaremos lá.